quinta-feira, 3 de junho de 2010

VOCÊ...


Você mora na minha casa, você mora no meu sofá, na minha cama e na mesa de jantar.
Dorme nos filmes bonitos, canta músicas afinadas. Usa blusas de algodão.
Tem sua escova de dente no meu banheiro, tem seu perfume no travesseiro, tem seu pedaço em meu coração.
Seu riso é o mais escandaloso, sua voz nervosa é a mais assustadora, sua crueldade é o maior pecado.
Você já sentiu o sufoco de um cara sem trabalho, sem dinheiro, sem pai?
Já sentiu o coração partido?
Você me quebra em mil pedaços com seu olhar e sua ausência de palavras.
Quando me machuca, suas desculpas são agressivas, abre as feridas e coloca sal. Sou pequeno demais pra me proteger em sentimentos, pra te impedir de ser tão rude.
Eu grito esperando resposta, enlouqueço esperando que me pegue no colo, me desintegro com sua falta de carinho.
Eu preciso de você.
Preciso que me deixe chorar na sua blusa bege até parecer chuva, preciso arranhar seu corpo e tirar a dor das entranhas, preciso que me avise que é a hora de ser feliz, sem medo, sem nóias.
Você sabe que eu te amo, e toda vez que amo eu deixo de existir. E, mesmo achando o amor a coisa mais imbecil eu continuo programando minha vida e nosso futuro cheio de coisas coloridas e infantis.
Eu não acredito na vida, e meu coração bate torto à anos.
Preciso que me respire, me inspire e me pegue firme pela mão, que não me deixe vomitando toda a madrugada (bebado), nem me mande ‘pular fora’ das suas canções.
Denuncio no olhar, só por hoje, que o coração está abafado.
Costumo achar que luto o suficiente pelas coisas, depois fico me espremendo nas paredes da casa tentando segurar o que escorre entre as mãos.
Entrego, só por hoje, minha ignorância pra falar de sentimentos. Achar que o amor é a coisa mais banal da vida.
Dá pra se viver com um amor dentro do peito sem ver ele acontecer, pois o amor é burro e nunca sabe a hora de partir.
Mas, não dá pra se viver um amor, acreditando ter tudo o que é necessário pra ser feliz. Se você for meia frígida, ríspida e enigmática, a tinta da sua parede vai derreter, feito a de todos os amores que quando deixam de ser paixão, tornam-se burros e compridos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário