Tua negra imagem me perturba o sono e a vida, o veneno do teu olhar me corrói a alma. Tua presença vampiresca segue minha sombra perdida, rodeada de demônios, dos quais o mais negro és tu! Quisera eu o hausto da tua respiração, o sangue maldito da tua progênie provar, perder minha vida para morrer na tua escuridão e em teus longos cabelos me enredar!
terça-feira, 22 de junho de 2010
ESCREVER...
Quero escrever o que não consigo dizer. Apetece-me abrir, como um livro em branco e a cada palavra uma emoção. Um significado, um pedaço de ficção tornado real. Sinto-me a desfalecer, como um sobrevivente num barco no meio de uma tempestade, onde sabe que só um milagre o fará sobreviver. Porque sou assim? Porque não consigo controlar-me, tento sempre algo com medo das pessoas não gostem mim. Não quis sofrer mais, por isso decidi afastar-me de toda a gente. Agora em vez de um coração tenho uma pedra. Difícil será pedir ajuda, mas porque fujo de tudo e de todos. Não enfrento os meus medos. Sempre a fugir, mas os problemas não desaparecem, apenas adormecem num sono leve. Continuamente dormindo, até um dia que acorda. Mais furioso, que um bebé com sono. Será que um dia vou acordar para a vida? Será que algum dia, vou deixar de fugir. De não precisar de me esconder por detrás duma máscara. Algum dia terei paz, comigo mesmo. Procuro o que? Escondo-me do que? Do sofrimento?! Mas senão sofrer não viverei, ficará sempre a angústia de poder ter feito algo mais, ser capaz de ter feito outra coisa para me mudar a mim. Então o que me falta? Não sei, não me conheço, e muito menos sei quem fui, sou ou serei. Sou um sentimentalista barato, daqueles livros que se compram, mesmo não sabendo o fim são todos iguais e terminaram de certeza da mesma maneira. Só muda o conteúdo, a forma do conteúdo é sempre mesma. Devo ser mesmo uma criancinha, não amadureci o suficiente. Não cresci em termos mentais. Se calhar não vivo, sobrevivo. Vou sobrevivendo, não questionando, não esticando a corda. Se calhar limito-me a seguir as pesadas dos outros. Em vez de ter uma personalidade própria. Se calhar também por ter mentido, muito a mim próprio agora já não sei quem sou. Perdi-me no caminho, e agora não sei o caminho de volta. Um circulo vicioso, onde já não se sabe onde começou e onde acaba. Ainda terei a tempo, de me encaminhar e não me perder de vez?
Alguém saberá me dar essa resposta e tantas outras que eu não sei. Talvez não tenha procurado bem, ou não tenho procurado nos sítios certos. O lamentar não me ajuda em nada, só faz com que tenha pena do que estou a ser neste momento. O frio passou, o frio que tinha quando comecei a escrever, mas o gelo dentro de mim, a angústia, a tristeza, o sofrimento continua. Não há alegria nos meus olhos, como num dia cinzento onde só chove. Em que a minha cara são as gotas, que caíram nesse dia de temporal. Onde o sol se escondeu, tornou-se cinzento, carregado. Não há cores vivas, mas sim cores mórbidas. Algum dia terei gostado de alguém realmente? Sim, apesar de tudo não sou assim tão frio. Da minha família, dos meus verdadeiros amigos, desses gostei. Então quando deixei de gostar? Quando deixei de ter interesse na vida? Quando passei a sobreviver, como um náufrago onde só ver mar e mar e mais mar. Mas acredito que sobreviverei, mas já não tenho a certeza de nada.
IN DE PROFUNDIS...
Não há um único homem miserável, neste lugar miserável onde eu também me encontro, que não tenha relações simbólicas com o próprio segredo da vida. Pois o segredo da vida é o sofrimento. É isso que está escondido por trás de tudo. Quando começamos a viver, o que é doce é tão doce para nós, e aquilo que é amargo, tão amargo, que dirigimos, inevitavelmente, todos os nossos desejos para o prazer, e procuramos, não apenas “durante um mês ou dois alimentar-nos de mel”, mas não experimentar, durante toda a nossa vida, nenhum outro alimento, ignorando entretanto que podemos estar a fazer com que a alma morra de fome.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
IN DE PROFUNDIS...
Se, depois de eu sair [da prisão], um amigo meu desse uma festa e não me convidasse, eu não me importaria nada. Sou perfeitamente capaz de ser feliz sozinho. Tendo liberdade, livros, flores, e a lua, quem poderia não ser feliz? Além disso, já não estou muito para festas. Já avancei demasiado para me preocupar com elas. Esse lado da vida acabou para mim, e atrevo-me a dizer que ainda bem. Mas depois de eu sair, um amigo meu tivesse uma dor, e se recusasse a permitir-me partilhá-la com ele, senti-lo-ia com muita amargura. Se ele me fechasse na cara as portas da casa do luto, eu voltaria uma vez e outra e pediria para ser admitido, para poder partilhar aquilo que tinha o direito de partilhar. Se ele me achasse indigno, incapaz de chorar com ele, senti-lo-ia como a mais pungente humilhação, como o mais terrível modo de a desgraça me ser infligida. Mas isso nunca aconteceria. Eu tenho o direito de partilhar a Dor, e aquele que é capaz de olhar para os encantos do mundo, e partilhar a sua dor, e compreender um pouco a maravilha de ambos, está em contacto directo com as coisas divinas, e chegou tão perto do segredo de Deus quanto alguém pode estar.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
IN DE PROFUNDIS...
Estou completamente falido, e sem casa. Contudo, há muitas coisas piores do que isso. Sou totalmente honesto quando te digo que, a sair desta prisão com amargura no coração contra ti ou contra o mundo, prefiro, alegre e prontamente, andar de porta em porta a pedir esmola. Se não conseguisse nada nas casas dos ricos, conseguiria alguma coisa nas casas dos pobres. Aqueles que têm muito são frequentemente avarentos. Aqueles que têm pouco partilham sempre o que têm. Não me importaria nada de dormir sobre a erva fresca, no verão, e quando viesse o Inverno, de me abrigar junto do feno quente de um celeiro, ou no luxo de um estábulo, desde que tivesse amor no coração.
(Oscar Wilde, in De Profundis)
METODOLOGIA...
Metodologia para Bobagens!
Saber jogar uma latinha de coca-cola (ou qualquer outro refrigerante) para o alto, fazendo com que ela dê 6 duplos-twist carpados exatos no ar, perpendicularmente ao centro da mesma, num movimento perfeito e simétrico, aterrisando suavemente na lata de lixo é um exemplo.
Perder tempo escolhendo e criando a piada certa para uma nova comunidade do orkut, para postar no facebook, no blogger, ou em outros é mais um exemplo...
"A pessoa sem uma metodologia tá fodida nessa vida."
Albert Einstein
"Quem não tem métodos é um zé-ruela."
Carl Jung
"Eh verdadi"
Sabrina Sato
O PARADOXO...
O paradoxo de nosso tempo na história é que temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos;
auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos;
gastamos mais, mas temos menos;
nós compramos mais, mas desfrutamos menos.
Temos casas maiores e famílias menores;
mais medicina, mas menos saúde.
Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral.
Bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma irresponsável, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos muito facilmente, ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais, raramente paramos para ler um livro, ficamos tempo demais diante da TV e raramente pensamos...
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores.
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com muita frequência.
Aprendemos como ganhar a vida, mas não vivemos essa vida.
Adicionamos anos à extensão de nossas vidas, mas não vida a extensão de nossos anos.
Já fomos à Lua e dela voltamos, mas temos dificuldade em atravessar a rua e nos encontrarmos com nosso novo vizinho.
Conquistamos o espaço exterior, mas não nosso espaço interior.
Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma.
Estes são tempos de refeições rápidas e digestão lenta; de homens altos e caráter baixo;
lucros expressivos, mas relacionamentos rasos.
Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra no lares;
temos mais lazer, mas menos diversão;
maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição.
São dias de duas fontes de renda, mas de mais divórcios;
de residências mais belas, mas lares quebrados.
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável, ficadas de uma só noite, corpos acima do peso, e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar, matar.
É um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque;
um tempo em que a tecnologia pode levar-lhe estas palavras e você pode escolher entre fazer alguma diferença, ou simplesmente apertar a tecla Del.
SARAMAGO...
"Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais." (José Saramago 1922-2010)
SARAMAGO...
"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala." (José Saramago 1922-2010)
MORTE...
Morte, a inevitável ação terrena,
talvez a única proposição que não se propõe,
em que não temos domínio.
Até adiantamos, antecipamos,
querendo, ou não querendo,
consciente, ou inconsciente,
porque há a morte física, também há a morte espiritual.
A morte física, como todos nos sabemos,
vemos, presenciamos, e até um dia vivenciaremos,
onde a matéria derrotada, se degenera, esvaindo-se,
apodresse, a beleza que um dia foi, já não é.
Vai embora o brilho dos olhos, o calor do corpo,
a melodia da voz, o cheiro, o sabor...
Dando lugar a lembrança, a saudade, ao vazio,
a lágrima, ao desespero, e o desapego de tudo o que
aquele corpo te proporcionava.
A morte espiritual nem sempre acopanhada da morte física,
a alma vencida pelo cansaço, deita-se, adormece,
em um sono preguiçoso, sem forças para prosseguir e
combater a fraqueza, o mal que insiste em rondar-nos.
A morte espiritual que vos falo,
não aquela em que "essa alma" viaja para algum lugar
que ainda não sabemos, crenças existem,
mas só provas concretas me convencem.
Falo da morte em que a matéria existe, vive...
mas seu espírito, alma, não se nota, não se "vê".
A matéria permanece como uma folha seca levada pelo vento,
seguindo a vida sem perspectiva, sem um amanhã,
sem depois, pois seu espírito dorme.
Muitas vezes decorrente de decepções, frustrações,
revoltas, esse portador carrega isso consigo,
aprisionando em seu coração como flashs, de um filme triste,
onde não mais somos o diretor e sim o ator principal.
Essa tristeza engasgada, sufocada, vai se solidificando,
se fortalecendo, até se instalar em sua alma,
que de tão leve torna-se pesada,
e de tanto carregar esse peso, vai se enfraquecendo, se esvaindo,
e então adormece esperando uma atitude sua,
a sua mão para segurar esse peso,
a tua força e o teu sorriso. Um movimento brusco que á tire
desse sono, que á acorde.
Uma gargalhada, um momento de alegria para essa alma entristecida.
Sacode!!! Grita!!!
- Levanta!
- Levanta!
Acorda o teu espírito e volta a viver,
esquece o que já passou e acorda para o novo.
"Quem vive do que passou não enxerga o que se mostrou."
Para tudo á um momento certo, até para sofrer.
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