segunda-feira, 7 de junho de 2010

SOFRER POR AMOR...


As pessoas se compadecem e legitimam qualquer tipo de sofrimento, exceto sofrer por amor. Alguém morreu, perdeu o emprego, ficou doente, está atolado em dívidas... Pode! Sofrer por amor ? De jeito nenhum! Por isso que é tão difícil enfrentar de peito aberto e admitir.... A sociedade incentiva a fuga. Os amigos te dizem pra cair balada – imediatamente uma substituição – jogar tudo fora, não lamentar, não chorar, não pensar na morte (que absurdo!?!?!), não ter recaídas. “Faz uma viagem que passa!” ...não é assim? Sabe o que eu acho? só passa assim, quando é fogo de palha! Muita gente que corrobora que essas teorias todas conhecem apenas isso, a paixonite, o fogo de palha! E esse é o tipo de sentimento que cura fácil sim, com qualquer esquema, muitos amigos , uma tática e jogando bem! Mas você conhece alguém que já sofreu por amor (de verdade)? Pensa que tem luto só quem já perdeu alguém pro outro plano? O sofrimento que vem de um rompimento amoroso e de amores não correspondidos, é na maioria das vezes, silencioso. Porque a gente se expõe até a raiz, a gente revela um tipo de fraqueza que ninguém mais conhece, só a fulana! E mais que isso, a gente alcança o ridículo na plenitude. Como conversar com o espelho, sabe? As pessoas não podem te ver nua e crua, ou chorando como um menininho que perdeu o doce preferido. É vergonhoso, é pequeno. Vão dizer que você é forte, que é capaz de superar tudo e quem dirá, alguém! Não entende dor de amor quem não sofreu ou escavou poços pra matar essa sede que não passa. Minimizar um sofrimento, é não fazer parte de um universo onde os problemas mais difíceis a serem resolvidos são aqueles entre “você e você “ ...desarmado, fraco, vulnerável, à flor da pele. Quem dá a cara pra bater e assume suas noites de tristeza e seus medos? O “nunca mais alguém”, é assustador, angustiante, de dentro pra fora, vai pelo corpo e adoece. O “nunca mais alguém” é um pesadelo revelando uma solidão que não tem nome porque um dia, você sequer imaginou que ela existisse. Caio Fernando Abreu disse em sábias palavras : “Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou esse nó no peito, agora faço o quê?”. É assim que dói o amor que não será, e o sentimento que não conhecerá a glória. É a tradução do “melhor em nós desperdiçado”. Nada passa, nada substitui e nada faz de conta. Via de regra não morreremos de amor e a vida não para pra sempre. Há de se seguir a correnteza porque como em tudo, existe a nossa imensa força e o encontro inevitável com outras histórias. Só não se faça de Rei imune, o amor pode ser a maior dor que alguém já teve pra contar, ( e nunca teve coragem )...

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