terça-feira, 8 de junho de 2010

DEVANEAR...


A vida nada nos ensina, na verdade ao viver se aprende apenas a morrer, mas não o ato apenas de morrer, morrer de uma forma amena, tornar a dor diminuta até a morte, ampliar caminhos para seguir apenas com uma certeza: Há de se morrer uma dia.
Assim se sofre menos, se morre com um sorriso...
Assim caminhamos, aprendemos e cada dor que pelo caminho encontramos, torna-se o refrigerio da alma que cada dia ao viver não vive, degusta um pouco do morrer. Na verdade ninguém nos ensina a morrer, a vida nos prepara para tal morte, assim ao decorrer do tempo não vamos vivendo, vamos morrendo, a dor se torna algo não mais sentido, apenas percebido, se sabe que ali esta ela, basta fitar olhos é contemplar seu sorriso.
No inicio a dor aparece como uma presença insuportavel e isso se testifica com lágrimas, desespero e mágoa.
Ao longo do tempo vamos nos unificando para com ela e percebemos que ela, a dor, é apenas a companheira mais chegada, fiel, aquela que não se vai, que ao nos abraçar é fria, mas ao longo do tempo nos aquece ou nos esfriamos juntamente com ela?
Não sei ao certo, de certo sei que estou nesta morte de viver, mas mesmo sendo o final de todos, o caminho é só. Alguns se desesperam um pouco mais, outros se recusam a aceitá-la, mas todos ão de abraça-la, dela se alimentam, por isso vivem, por isso morrem.
Fui me acostumando com tal gosto, antes o que seria o fel, hoje se tornara doce, suave, mel.
Assim me encontro ao me perder em mim mesmo.
Assim a cada dia vamos nos despreendendo, o passado que outrora fora a dor agora nos vem apenas como sombras, não as que assustam ou assombram, mas como aquela que nos descansa em meio as aguás da morte no existir. É uma dor surda, que vagueia, constante que nem mais se parece dor, há uma beleza envolta em seu âmago, aquela que outrora nos levava a fuga, hoje nos fascina, nos leva ao seu encontro, deixando para trás tudo que é, foi ou será. Pouco importa! O final será ela.
Me custava entender, demorei ao encontrar.
Engraçado, até parece não ser morte, até parece que algo de tudo isso ficou ou que sou alguma coisa sem ela, apenas ela o é.
Agora vou me acomodar, preciso em tal gosto devanear...

“Na morte de viver se entende que na verdade se vive para a vida de morrer.”

"Morremos gestantes da ansiedade que nada espera."

Nenhum comentário:

Postar um comentário