sábado, 23 de abril de 2011

ARTE DE VIVER A DOIS!!!



Com o tempo aprende-se que o sustentáculo de uma união, relação, paixão, namorou ou casamento não está em torno do sexo, do corpo, da estética, da posição social e econômica, nem cultural, mas não resta dúvida que tais itens podem muitas vezes influenciar, e de fato o fazem, mas sozinhos, ou apenas eles, não solidificam uma união, não trazem alegrias, pelos menos duradouras.

Conheço casais jovens, portanto vigorosos, bonitos, socialmente estáveis, de nível superior e cultural mediana, certamente ativos sexualmente, bem posicionados na sociedade, corpos sarados, vistosos, pessoas aparentemente felizes, confortáveis, de sorrisos largos e vida tranqüila, mas no final, apesar de todos esses itens e qualidades, sofreram o desgaste de separação, o consórcio não durou o necessário para contar histórias, só ficaram as fotos em alguma parede branca sem cor e solitária, agora que não há mais ninguém em casa para apreciar.

Outro dia uma amiga estava a me dizer, nossa, sonhei tanto para encontrar alguém e me apaixonar, agora que tenho a pessoa, estou confusa, não sei mais o que quero realmente, ele não tem tempo pra mim, é muito ocupado, e percebo que sozinha era também feliz. Esse é um dos problemas da relação, a idealização, o sonho, a criação de uma imagem, a mitificação do amor, pois nós buscamos algo acima de realidade e quando voltamos ao real não suportamos. Subir sempre é fácil, descer é penoso.

Nós, em nossa solidão, inventamos coisas, criamos situação, projetamos desejos e lançamos projetos, mas tudo essas projeções são ilusões, em realidade muitas vezes elas não acontecem. Sonhamos, por exemplo, que quando tivermos um amor, o meu amor, vou fazer tudo o que sempre quis, mas quando estou com a pessoa o que sempre quis num é igual ao que ele quer, é o primeiro embate. Quando casar-me vou viajar muito, curtir a vida a dois, mas quando se casa surgem as contas, o aluguel, a água, a luz, as viagens são adiadas.

Imaginamos que vamos ficar deitados em casa, vendo filmes, fazendo cócegas, beijando e preparando comida, vendo filmes e conversando, mas quando estamos com o nosso sonho de amor, a pessoa querida, nem sempre é possível estabelecer o mesmo programa, a outra pessoa pode não gostar de filme, ter alergia a poeira e não querer deitar no chão, e não suportar cócegas. Então, lá se vão nossos sonhos e projetos por água abaixo.

Aí vamos perceber que a união dura quando começamos a renunciar, compreender, dialogar, conversar, estabelecer limites, suportar crises, driblar problemas, vencer desafios, quando estamos mesmos dispostos a viver a outra pessoa com tudo de bom e de ruim que ela possa ter e nos oferecer. Reclamações de ambas as partes, da mulher e do homem, demonstra apenas orgulho ferido e egoísmo exacerbado, pois se ambos tem críticas e mágoas, porque os dois não se resolvem, em vez se apontarem mutuamente?

A realidade é muito mais dura e violenta, sonhar é bom, mas pensar que todo sonho a dois seja real, será real, é muita ilusão e imaturidade. Às vezes escuto, pensei uma coisa de fulano, mas ele/ela mostrou-se outra, e pergunto, de quem é a culpa? Acredito de quem pensou, pois quem imaginou o fez sozinho em sua mente, criou uma fantasia e agora que está desiludida quer colocar a carga em cima de outro.

Por isso, sexo não resolve, pois sexo sem carinho não produz amor nem faz durar; dinheiro sem amizade é interesse; beleza sem conteúdo é vazio; posição e cultural sem sentimento é frieza; casamento sem conversa, renúncia, compreensão, resultará em separação.

A arte de viver a dois requer mais do que uma vida tranqüila para se gozar dos prazeres da vida, requer mais do que sexo, dinheiro, lazer, posição e cultura, é preciso viver o outro, entender seus limites e medos, aceitar seus sonhos e dá liberdade, como também saber prender e impor limites, demonstrando a realidade.

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