Tua negra imagem me perturba o sono e a vida, o veneno do teu olhar me corrói a alma. Tua presença vampiresca segue minha sombra perdida, rodeada de demônios, dos quais o mais negro és tu! Quisera eu o hausto da tua respiração, o sangue maldito da tua progênie provar, perder minha vida para morrer na tua escuridão e em teus longos cabelos me enredar!
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
TÉDIO...
O dia vai morrendo lentamente, levando consigo os últimos raios de sol. O céu, muito limpo, escurece em uma monotonia antipática. Na rua ouve-se uma música abafada, vinda de um botequim qualquer. Minha inquietude me dilacera. Tento ler um jornal barato para me distrair, mas é inútil. As mesmas notícias de todos os dias: assassinatos, futebol, fofocas das celebridades. Tudo muito previsível. Não ouso ligar a TV, não haveria nela nada que eu já não tenha lido no jornal. A música da rua pára, só resta o silêncio, torturante, amargo, frio. A sexta-feira parece morta. O silêncio é quebrado momentaneamente por um ruído longínquo. São fogos de artifício, disparados por torcedores ansiosos pela final do campeonato. Não me interesso, detesto futebol. Tudo parece tão preguiçoso, arrastado, redundante. Falta ao mundo um pouco mais de imaginação, para se reinventar, para sair do pântano da mesmice, do repetitivo. Falta às pessoas ousadia, atrevimento. Parece que a modernidade nos deixou acomodados, estáticos, inertes. Falta-nos um pouco daquela curiosidade infantil que nos fazia perseguir lagartixas. Acostumamo-nos com o tédio e com a rotina mecânica da vida, apagamos nossa criatividade. Mas o incômodo provocado por uma natureza desassossegada não me permite ser tão passivo. Ainda tenho aquele ímpeto infantil de caçar nas páginas em branco as minhas lagartixas. Encontro-as nas palavras.
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