quarta-feira, 9 de junho de 2010

SOL E LUA...


Há muito tempo, o Sol andava tristonho pela Terra.
Seus raios, já não eram tão fortes como antes e por mais que tentasse, sempre era encoberto por alguma nuvem escura que percorria o céu num forte vendaval.
Os pássaros, as flores, os animais, enfim, todos questionavam sobre o distanciamento do Sol.
Numa manhã,... que seria mais bela ainda, se o Sol estivesse com seu brilho de sempre, uma Gaivota resolveu voar até o Sol e tentar descobrir qual era o motivo de sua tristeza.
O Sol percebendo a dificuldade da Gaivota para chegar até ele, tranquilizou-o, dizendo:
- Amigo pássaro, tão capaz de alçar lindos vôos, porque se aproxima tanto se pode me ver de qualquer parte do planeta?
O pássaro ouvindo a pergunta do Sol respondeu, tomando fôlego:
- Gostaria de saber o que lhe deixa tão tristonho. O planeta, as pessoas, os animais e as plantas estão sentindo falta da sua luz. Os pássaros não sabem para onde ir, O girassol não sabe se fica acordado ou se dorme, as plantas não mais crescem... Tudo está tão confuso, que resolvi arriscar esse vôo e lhe perguntar qual seria o problema.
O Sol percebendo a preocupação da Gaivota, respondeu:
- Caramba... não sabia que estava causando tantos problemas. Confesso que me absorvi em meus pensamentos e nem percebi o que estava acontecendo. Mas a melhora de tudo ao redor depende de mim... prometo tentar...
A Gaivota, percebendo a "dúvida" que ficou nas palavras do Sol, insistiu com a pergunta:
- Mas o que está acontecendo, para você ficar tão disperso, sem dar atenção para o resto do mundo? Talvez eu pudesse ajudar, se você me dissesse o motivo...
O Sol ainda encoberto, disse:
- Acho difícil alguém se aproximar ou tentar me ajudar... muito difícil mesmo... E já que está disposto a me ajudar, me diz... do fundo do seu coração: você já amou alguém, Gaivota?
A Gaivota apoiou-se na encosta de uma montanha, abaixou a cabeça sem olhar para o abismo e respondeu:
- Sim já... já amei uma linda ave que não era uma gaivota... Amei e sonhei... Muito! Mas porque me pergunta isso? Você é o Sol, que possui muitos dotes... muitos encantos... Qualquer "dama" se renderia a sua luminosidade, ao seu magnetismo natural, ao seu calor...
Mas antes mesmo que a Gaivota terminasse, o Sol interrompeu:
- Qualquer uma, menos ela...
A Gaivota, intrigada de curiosidade perguntou:
- Quem Sol? Quem é ela? Que "dama" lhe ofusca os olhos???
O Sol, então olhou para o infinito e disse-lhe com o semblante tristonho:
- A Lua... A Lua, caro amigo...!
Neste instante, a Gaivota em respeito ao Sol, segurou o seu sorriso e disse-lhe:
- A Lua???? Como você se apaixonou por ela??? Como isso aconteceu???
O Sol percebendo o espanto da Gaivota, respondeu-lhe:
- Aconteceu que nos encontramos por algumas vezes... Em frações de segundos... era tão rápido... mas nos encontrávamos....! Por que a surpresa?
A Gaivota, percebendo a sinceridade do Sol, tentou explicar:
- Por favor amigo, não quero que fique bravo comigo... Apenas estranhei um ser tão distante quanto a Lua, ser a sua amada...
- Como estranhou?
A Gaivota continuou:
- Estranhei pelo fato de você tê-la visto tão pouco... vocês ficaram juntos apenas algumas vezes... como pode se apaixonar por ela?
O Sol respondeu:
- Sim... muito pouco tempo... Mas nas poucas vezes em que nos vimos, enxerguei dentro dos olhos dela. Enxerguei a beleza que ela tinha dentro de sí... mesmo sendo tão confusa... Enxerguei o seu coração... Senti-o bem pertinho de mim... quando ela adormeceu em meus braços... E acreditei naquele olhar, ví cumplicidade... entrega... ví o amor...
A Gaivota observou que enquanto o Sol falava, seus olhos ficavam cheios de lágrimas... perdido no infinito, talvez procurando os olhos da Lua.
- Caramba... tenho que pensar numa maneira de ajudá-lo. Queremos que você seja o mesmo de antes...
O Sol olhou para a Gaivota e perguntou:
- Como você poderá me ajudar, bom amigo?
A gaivota respondeu:
- Primeiro preciso me encontrar com alguns amigos de hábitos noturnos e depois lhe darei a resposta.
A Gaivota saiu voando rapidamente e quase a noitinha, quando o Sol descia sobre a montanha, reclinando-se para adormecer, voltou e disse ao Sol:
- Veja amigo Sol... são vários amigos que vivem pela noite, disposto a te ajudar. Mas você tem que estar no céu durante o dia, mais forte do que nunca. É a condição imposta por eles, para lhe ajudar.
O Sol intrigado com tantos animais ao seu redor, perguntou:
- O que vocês fariam?
Neste instante, uma coruja sábia e experiente, disse-lhe:
- Levaríamos a Lua, seus recados, seus poemas... Tudo que precisar...
O Sol neste instante sorriu. Depois disse aliviado:
- Então digam a ela uma coisinha muito importante, que talvez eu ainda não tenha dito, pois sempre que a via, ficava tão preocupado com o pouco tempo que tínhamos, que esquecia de lhe dizer... Digam a ela que eu a amo! Que estarei sempre esperando para nos encontrarmos! Embora saiba que não nascemos para ficarmos juntos, sempre esperarei o momento mágico de estar com ela. Guardarei os dias e ela guardará as noites... Os dias e noites passarão sem erros e nos veremos novamente. E amarei mais e mais e mais... Nem que demorem séculos para esse encontro... eu mais a amarei.
Os animais ficaram emocionados pela emoção e transparência do Sol.
Ele era sincero em seu sentimento. Ele não se escondeu atrás das nuvens escuras e não teve medo de falar o que sentia.
E a noite chegou...
A primeira a levar o recado foi a coruja.
Do alto de uma árvore, disse à Lua, as palavras do Sol.
Naquela noite, uma chuva muito branda, mas muito "molhada", molhou a Terra. Cada gota de água da chuva representava emoções e sensibilidade da Lua. Lágrimas de esperanças... Lágrimas de satisfação... Lágrimas de confiança...
Agora, a Lua sabia que não estava mais só...
E um dia, se encontraria novamente com o Sol, nem que demorasse meio século...
Mas o encontraria.
Na imensidão do tempo...

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